Calculadora MELD Score
Avalie a gravidade da doença hepática e estime mortalidade em 90 dias com o escore MELD.
Aviso Médico Importante
Esta calculadora é uma ferramenta educacional e de apoio à decisão clínica. Os resultados NÃO substituem avaliação médica profissional, exames laboratoriais ou julgamento clínico. Sempre consulte um profissional de saúde qualificado para diagnóstico, tratamento e decisões clínicas. Os cálculos são baseados em fórmulas validadas cientificamente, mas podem não ser aplicáveis a todos os pacientes.
Calcular MELD
Nota: O MELD é uma ferramenta prognóstica. Decisões sobre transplante consideram múltiplos fatores clínicos, incluindo complicações não captadas pelo MELD (encefalopatia, ascite refratária, síndrome hepatopulmonar). Sempre consulte um hepatologista ou transplantador.
O que é o MELD Score?
O MELD (Model for End-Stage Liver Disease) é um escore prognóstico desenvolvido para avaliar a gravidade de doença hepática crônica. Utiliza três exames laboratoriais objetivos (creatinina, bilirrubina e INR) para estimar a mortalidade em 90 dias sem transplante. Inicialmente criado para prever mortalidade após TIPS (shunt portossistêmico transjugular intra-hepático), o MELD foi validado como preditor de sobrevida em cirrose e é hoje o principal critério de alocação de fígados para transplante na maioria dos países. A fórmula matemática atribui maior peso à creatinina e INR, refletindo que disfunção renal e coagulopatia são preditores independentes de mortalidade.
MELD = 3.78×ln(bilirrubina) + 11.2×ln(INR) + 9.57×ln(creatinina) + 6.43
Como Calcular o MELD?
Para calcular o MELD: 1) Obtenha os valores laboratoriais mais recentes: Creatinina sérica (mg/dL), Bilirrubina total (mg/dL), INR. 2) Verifique se o paciente realizou diálise nas últimas 72 horas (neste caso, creatinina é considerada 4.0 mg/dL). 3) Aplique valores mínimos: Creatinina <1.0 = 1.0, Bilirrubina <1.0 = 1.0, INR <1.0 = 1.0. 4) Aplique valores máximos: Creatinina >4.0 = 4.0. 5) Insira os valores na calculadora. O resultado varia de 6 (menor gravidade) a 40 (maior gravidade). IMPORTANTE: Use valores em mg/dL. Se seus laboratórios fornecem μmol/L, converta: Creatinina (μmol/L) ÷ 88.4 = mg/dL; Bilirrubina (μmol/L) ÷ 17.1 = mg/dL.
Interpretação do MELD Score
MELD 6-9: Doença Hepática Compensada
Mortalidade em 90 dias: <2%. Cirrose compensada sem descompensação clínica. Geralmente não candidatos a transplante. Foco em tratamento etiológico (abstinência alcoólica, antivirais para hepatite, etc.) e acompanhamento ambulatorial regular.
MELD 10-19: Doença Hepática Descompensada Inicial
Mortalidade em 90 dias: 6-20%. Cirrose com algum grau de descompensação. MELD 10-14: Considerar listagem para transplante se complicações (ascite, encefalopatia). MELD 15-19: Candidatos a transplante, mas tempo de espera pode ser longo dependendo da região.
MELD 20-29: Doença Hepática Grave
Mortalidade em 90 dias: 20-50%. Cirrose descompensada grave. Candidatos prioritários a transplante. MELD ≥15 é considerado ponto de corte para indicação de transplante na maioria dos centros. Requer internação ou acompanhamento intensivo.
MELD ≥30: Doença Hepática Terminal
Mortalidade em 90 dias: >50%. Insuficiência hepática grave. Alta prioridade para transplante. MELD ≥35: Mortalidade >80% em 90 dias. Frequentemente requer cuidados em UTI. Considerar listagem para doador vivo ou priorização regional/nacional.
Perguntas Frequentes
Qual a diferença entre MELD e Child-Pugh?
O Child-Pugh (A, B, C) foi a primeira classificação de gravidade em cirrose, usando 5 parâmetros: bilirrubina, albumina, INR, ascite e encefalopatia. É subjetivo (ascite e encefalopatia são clínicos) e tem teto (Child C pode incluir pacientes de gravidade muito variável). O MELD é totalmente objetivo (só labs), contínuo (6-40), e melhor preditor de mortalidade. Por isso, substituiu Child-Pugh para alocação de transplantes. Child-Pugh ainda é usado para prognóstico em cirrose compensada e classificação em estudos clínicos.
Quando recalcular o MELD?
Em pacientes listados para transplante: A cada 7 dias se MELD ≥25 (alta prioridade), a cada 30 dias se MELD 19-24, a cada 90 dias se MELD <19. Em pacientes não listados: Recalcular em descompensações agudas (infecção, sangramento, insuficiência renal), antes de procedimentos cirúrgicos, e a cada 3-6 meses em acompanhamento ambulatorial de cirrose.
Meu paciente tem MELD 15 mas ascite refratária. Ele precisa de transplante?
Sim. O MELD não captura todas as complicações. Ascite refratária (que não responde a diuréticos), síndrome hepatopulmonar, encefalopatia recorrente e peritonite bacteriana espontânea de repetição são indicações de transplante mesmo com MELD 'baixo'. Nestes casos, pode-se solicitar MELD exception ao programa de transplante, com justificativa clínica detalhada.
MELD pode ser usado em hepatite aguda fulminante?
Não. O MELD foi desenvolvido para doença hepática CRÔNICA. Em insuficiência hepática aguda (hepatite fulminante), use os Critérios de King's College (mais apropriados). Estes consideram encefalopatia, INR, creatinina, pH, e etiologia. MELD pode subestimar gravidade em hepatite fulminante, pois bilirrubina pode não estar muito elevada nos estágios iniciais.
Existe MELD pediátrico?
Sim, o PELD (Pediatric End-Stage Liver Disease) é usado em crianças <12 anos. A fórmula é diferente, incluindo: bilirrubina, INR, albumina, idade (<1 ano ganha pontos extras), e presença de growth failure (falha de crescimento). O PELD reflete que crianças com cirrose têm fisiopatologia e prognóstico diferentes de adultos.
Tópicos Relacionados
- Classificação de Child-Pugh para cirrose
- MELD-Na (MELD com sódio sérico)
- Critérios de King's College para hepatite fulminante
- Indicações de transplante hepático
- Síndrome Hepatorrenal
- Carcinoma Hepatocelular e critérios de Milão
Referências Científicas
- 1. Kamath PS, Wiesner RH, Malinchoc M, et al. A model to predict survival in patients with end-stage liver disease. Hepatology. 2001;33(2):464-470.
- 2. Wiesner R, Edwards E, Freeman R, et al. Model for end-stage liver disease (MELD) and allocation of donor livers. Gastroenterology. 2003;124(1):91-96.
- 3. Kim WR, Biggins SW, Kremers WK, et al. Hyponatremia and mortality among patients on the liver-transplant waiting list. N Engl J Med. 2008;359(10):1018-1026.
- 4. Biggins SW, Kim WR, Terrault NA, et al. Evidence-based incorporation of serum sodium concentration into MELD. Gastroenterology. 2006;130(6):1652-1660.